Sobre nós

A proposta da Escola Aberta do Inconsciente se assenta na premissa de que a psicanálise não pode ser reduzida a um saber cristalizado, a um método fechado ou a um sistema dogmático. Pelo contrário, sua vitalidade depende de um movimento contínuo de questionamento e de um retorno incessante às fontes que lhe deram origem.

A clínica freudiana, ao desvelar as formações do inconsciente e a estrutura da subjetividade, inaugurou um campo que se distingue por sua escuta atenta ao que escapa ao sujeito, ao que resiste à simbolização e ao que retorna como repetição sintomática. No mesmo sentido, a abordagem lacaniana, ao enfatizar a primazia da linguagem e a função da falta na constituição do sujeito, permitiu que a psicanálise se mantivesse em constante renovação, resguardando sua potência subversiva diante dos discursos normativos e das tentativas de domesticação do inconsciente.

É a partir desse referencial que a Escola Aberta do Inconsciente se estrutura como um espaço de formação que privilegia o percurso singular de cada um, sem ceder às fórmulas prontas ou às exigências de um aprendizado padronizado. A transmissão da psicanálise não pode se dar senão no desejo e pela implicação subjetiva de quem dela se aproxima.

Assim, a Escola reconhece que a experiência da análise pessoal é o pilar fundamental da formação, pois é ali, na travessia de sua própria divisão subjetiva, que o futuro analista poderá se confrontar com a lógica do inconsciente e com os efeitos de seu desejo. Paralelamente, a supervisão clínica surge como um dispositivo essencial para sustentar a prática psicanalítica, oferecendo um lugar de interlocução e elaboração sobre os impasses e enigmas que emergem no trabalho com os analisantes.

O estudo teórico, longe de ser um exercício meramente acadêmico, é pensado como um campo vivo de investigação, que se renova a partir das questões colocadas pela clínica e pelos impasses do sujeito no mundo contemporâneo. Freud e Lacan são, sem dúvida, os eixos centrais dessa construção, mas a Escola se propõe também a acolher a interlocução com outras áreas do saber que possam contribuir para a sustentação de uma psicanálise viva e implicada no mal-estar da civilização.

Abertura, nesse sentido, não significa diluição, mas sim a afirmação de uma postura ética que se recusa a transformar a psicanálise em um saber burocrático ou institucionalizado. O compromisso da Escola Aberta do Inconsciente é com a radicalidade da experiência psicanalítica, com o desejo de transmissão e com a manutenção de um espaço onde o inconsciente possa continuar sendo escutado, sem concessões ao imperativo da adaptação ou ao discurso do domínio técnico. O que está em jogo, afinal, é a própria sustentação da psicanálise como campo de subversão do sujeito e do saber, em permanente movimento e construção.